Ado Malagoli

Biografia
Ado Malagoli (Araraquara SP 1906 – Porto Alegre RS 1994)
Pintor, professor.

Em 1922, cursa artes decorativas na Escola Profissional Masculina do Brás, em São Paulo, onde é aluno de Giuseppe Barchita. Entre 1922 e 1928, cursa o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo – Laosp, onde estuda com Enrico Vio (1874 – 1960). Nessa época, entra em contato com Alfredo Volpi (1896 – 1988) e Mario Zanini (1907 – 1971), com os quais costuma pintar paisagens dos arredores da cidade. Trabalha com Francisco Rebolo (1902 – 1980) na pintura de painéis decorativos. Muda-se para o Rio de Janeiro, e ingressa na Escola Nacional de Belas Artes – Enba, em 1928. Participa, ainda, da fundação do Núcleo Bernardelli, em 1931. Sua produção é predominantemente figurativa. Em 1942, recebe, no 48º Salão Nacional de Belas Artes – SNBA, o prêmio de viagem ao exterior, e vai para os Estados Unidos, onde permanece por três anos. Cursa história da arte e museologia no Fine Arts Institute, da Universidade de Colúmbia, e organização de museus no Brooklin Museum. Ao retornar ao Brasil, fixa-se em Porto Alegre, após um período de permanência no Rio de Janeiro. Ingressa como professor de pintura no Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul, no qual atua entre 1952 e 1976. Cria, em 1954, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, inaugurado em 1957. Em 1997, em homenagem ao fundador, esse museu passa a chamar-se Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli.

Comentário Crítico
Ado Malagoli participa da fundação do Núcleo Bernardelli no Rio de Janeiro, em 1931. Com uma pintura figurativa, revela a preocupação com questões sociais. Pinta também cenas urbanas, naturezas-mortas, retratos e paisagens.

A produção de Malagoli e de outros artistas ligados ao Núcleo Bernardelli pode ser compreendida dentro dos propósitos do retorno à ordem. Sua obra revela um interesse pela pintura italiana “neo-renascentista”, como pode ser notado nos quadros que fazem referência à tradição das Vênus na paisagem. Em suas pinturas, a linha predomina sobre a cor, e o artista representa o corpo humano de forma idealizada.

Malagoli viaja para Porto Alegre em 1952, quando atua também como professor, colaborando na renovação das artes no Rio Grande do Sul e participando da reestruturação do ensino de pintura na Escola de Belas Artes. Cria o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, que posteriormente recebe seu nome, e promove importantes exposições, como as de Weingärtner (1853 – 1929) e Candido Portinari (1903 – 1962). Em sua obra madura destacam-se pinturas de casarios e ruínas, de tom expressionista, nas quais às vezes dialoga com a abstração.

Críticas
“Malagoli, como os modernistas, insurgiu-se contra o academicismo estreito que reinava ainda em 30, quando cursou a Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Certa vez, foi até posto para fora de aula, sendo obrigado a pintar no corredor, por não concordar com as idéias conservadoras de um dos mestres. Sua atuação junto com os colegas do Núcleo Bernardelli foi, sem sombra de dúvida, revolucionária. Seu trabalho sempre foi inovador. Mas ele nunca rompeu radicalmente com o passado. Sempre procurou a passagem que liga o hoje às bases mais verdadeiras no ontem. Por isso a sua crítica ao modernismo de 22: ‘O modernismo desenvolveu, em muitos casos, um nacionalismo de rótulo: umas mulatas, umas bananas, uns cocos. . . tudo isso com formas cubistas recém-importadas de Paris’. Ele nunca embarcou na voga de destrutividade pura e simples que a Semana da Arte Moderna desencadeou. Soube libertar-se do que era desnecessário e sem importância, mantendo os legados mais férteis da tradição que lhe permitira alcançar melhor expressão do presente. Seus quadros conservam o sabor da pintura de outras épocas ao mesmo tempo que o situam como um pintor claramente contemporâneo. Dessa maneira, o brasileiro Ado Malagoli conservou-se sempre um europeu; o moderno pintor de cenas e dramas nacionais coloca-se, como um clássico, a serviço da expressão de verdades universais; o menino Ado já trazia a idade de um velho italiano e o homem maduro de hoje ainda convive com os temas e as preocupações do menino de ontem. A muitos têm confundido essas aparentes contradições. Elas têm sua resolução, entretanto, numa lúcida visão histórica e num intenso sentimento da temporalidade que transformam as telas de Malagoli numa síntese tensa e problemática entre o que foi e o que vai ser”.
José Luiz do Amaral Neto
AMARAL NETO, José Luiz. O artesão de sonhos. In: MALAGOLI, Ado; QUINTANA, Mario. Ado Malagoli visto por Mário Quintana. Rio de Janeiro: L. Christiano, 1985. p. 22-26.

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